segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Opera(Cão) Stop

Ontem por volta das 11.00h, e vendo alguma impaciência por parte da Kunta, percebi que eram horas de largar o sofá, e levá-la ao seu passeio higiénico nocturno. Já em plena via pública a minha querida cadela iniciou, em passada curta mas possante, a sua marcha rumo ao jardim junto à praceta que fica ao fundo da rua. Não sei bem porquê mas desde pequenina a Kunta sempre preferiu caminhar no meio da estrada que passa na rua onde moramos, a ter de andar em slalom por entre os carros plantados no passeio. Foi sempre assim! E voltou a acontecer ontem mais uma vez.

Caminhávamos nós estrada fora, agora em passada um pouco mais apressada, em direcção ao jardim, quando de repente a Kunta começa a farejar cada centímetro de alcatrão como se o mesmo tivesse sido feito de deliciosos e irrecusáveis biscoitos. Enquanto farejava compulsivamente o asfalto começou a rodopiar numa dança que me pareceu familiar. – “Oh Kunta! No meio da estrada não!” – exclamei eu. Enquanto olhava para mim com aqueles olhinhos de quem diz: – “Desculpa pai! Agora é tarde de mais! Trouxeste saquinho?” rodopiando de forma desengonçada por mais duas vezes antes de se colocar de cócoras, vejo avançar lentamente na nossa direcção um automóvel.

Quando a minha linda cadela, estacionada no meio da estrada, se preparava para fazer funcionar a sua natureza, começo por conseguir distinguir a cor do automóvel que estava agora escassos metros à nossa frente. Era um carro de fundo branco, com listas azuis e vermelhas, sirene instalada na capota e lá dentro vinham quatro "sôres agentes", devidamente fardados, que faziam a sua ronda nocturna pelo bairro.

Frente a frente estava agora eu, de saquinho numa das mãos, segurando na outra a trela da Kunta, que entretanto começara a expulsar aquilo que a natureza decidira não absorver, e quatro polícias incrédulos. Chegara a hora da minha vingança! Finalmente tivera a oportunidade de retribuir as inúmeras operações stop a que fora sujeito durante os meus anos de condutor encartado. E com juros! Confesso que me passou pela cabeça dirigir-me ao carro fazer continência e dizer: - “Boa noite senhor condutor! O crachá e os documentos da biatura por favor! Vou ter de o autuar porque está a incomodar o meu cão ao abrigo do art.º 23, n.º 4, alínea b) do Código dos Direitos dos Peludos de Quatro Patas. E vai ter de pagar já! A multa são1000 sacos de “Chucos”, 500 saquinhos de biscoitos de salmão e 50 sacos de ração de atum”.

Este foi um daqueles deliciosos momentos que só os nossos amigos de quatro patas são capazes de nos proporcionar. Quando a Kunta se deu por satisfeita, meio encandeada com os faróis do carro que estivera abusivamente parado mesmo à sua frente, pedi desculpa e afastei-me. Os agentes, que esperaram pacientemente, sorriram e seguiram com o seu patrulhamento. E já agora! Dei uso ao tal saquinho.

6 comentários:

Van Dog disse...

hehe... É assim mesmo, Kunta! Pôr a autoridade na ordem! ;)

mjf disse...

Olá !
A kunta é uma peluda mesmo inteligente...foi escolher um carro com agentes simpáticos...teve sorte
ihihihi
Beijo
Boa semana

Thor and Jack disse...

Valeu, Kunta!
Thor

Maria Cristina Amorim disse...

É assim mesmo Kunta, não podias ter tido melhor ideia, na melhor altura.
Até já chorei a rir.
Beijos.

Cléo disse...

Os nossos amigos oferecem-nos momentos que irão ficar sempre na nossa memória, e aposto que este irá fazer parte desse bau de recordações... Boa Kunta, há que mostrar que um crachá é apenas um bocado de metal...Lambidelas!

Rute disse...

eheh assim é que é ;)